domingo, 27 de julho de 2008

Alone in the Dark: o inferno em cada um

Quando Alone in the Dark apareceu para os jogadores pela primeira vez mostrando que o gênero horror de sobrevivência era mais do que uma simples promessa, muitos sentiram um calafrio inexplicável: parecia impossível separar o que era jogo e o que era filme. Esse estranho fenômeno mostrou que a série apresentaria a paranormalidade não só como conteúdo, mas também como forma. Os ângulos de câmera, a sensação de sufocamento imposta pela sombra - às vezes tão obscura a ponto de recriar a idéia de luz - e os quebra-cabeças apresentados ao longo da trama eram os ingredientes de um novo terror que acumularia fãs pelo mundo.

Passada a fase de surpresas técnicas, com a série já madura após várias edições, o mais recente Alone in the Dark chega à nova geração trazendo o detetive Edward Carnby em pleno Central Park, numa Nova York pintada com cores malignas. O enredo do game completa alguns mistérios da versão original da série, e o retorno às origens só não toma conta de toda a história porque o protagonista encontra-se confuso, com amnésia. Sem saber ao certo como veio parar entre os mistérios desse agora maldito Central Park, o detetive precisa descobrir seu verdadeiro papel na profecia enquanto sobrevive aos ataques paranormais.

Uma das opções mais interessantes do novo game é que ele pode ser jogado em forma de capítulos sem a necessidade de obedecer a uma seqüência linear. Isso significa que o usuário pode escolher livremente os capítulos e jogá-los como se fossem eventos paralelos, uma solução para a falta de paciência de muitos jogadores que odeiam tramas com começo, meio e fim muito definidos.

Escolhida a parte do game a ser jogada, é preciso se acostumar antes de tudo com o inventário de Edward Carnby. Agora, o detetive paranormal está tecnicamente mais próximo da realidade, com seus itens acomodados dentro do casaco. A experiência é interessante para quem gosta de sentir na pele o que é portar explosivos, facas e pistolas, mas pode irritar um pouco os que estão acostumados a gerenciar seus equipamentos em menus e listas. Como a combinação de itens é muito freqüente - e essencial - nessa nova versão, as cenas de ação construídas de forma cinematográfica podem se tornar um tanto "travadas" com essa complexidade. É como se o mundo parasse de girar quando o detetive abre o casaco, situação que seria menos incômoda se os objetos fossem organizados logo de uma vez em menus sem graça.

Apesar do casaco do protagonista, o jogador que se acostumar com o ritmo do game após certa persistência vai gostar bastante de detonar os cenários e as criaturas com suas pequenas invenções: as armas em Alone in the Dark não estão mais ali, prontas para usar somente. Elas podem ser recriadas, combinadas entre si para gerar um poder ainda mais devastador. Para se ter uma idéia, até uma simples bebida alcoólica pode ser útil na hora de mandar as criaturas para o inferno. Fazendo um rastro no chão com o líquido inflamável, o usuário pode planejar melhor seus ataques catastróficos, evitando ser vítima da própria estratégia. Brincar com o fogo nessa nova versão se tornou coisa séria, pois é com ele que Edward pode destruir os inimigos. Os marinheiros de primeira viagem podem se preparar para ver tudo em chamas, o tempo todo.

Para acompanhar tanta criatividade com os itens, os cenários são interativos e ajudam a compor o clima de ação paranormal, permitindo que obstáculos tradicionais como portas sejam destruídos com a ajuda de objetos espalhados pelos lugares. O divertido é entrar sem hesitação nos ambientes desconhecidos, arrombando o que estiver na frente para ver que tipo de criatura espera pelo detetive. Logicamente, ao ingressar na escuridão, um item é fundamental: a lanterna. Ao direcionar a luz nos pontos certos, o protagonista consegue enxergar detalhes importantes que ajudam na solução dos mistérios. Acontece que muitas vezes a surpresa é desagradável, como por exemplo um monstro tendo seus detalhes iluminados, praticamente "saltando" da tela. Na hora de reagir, vale usar o que estiver ao alcance para escapar com vida e ganhar mais alguns minutos para continuar quebrando a cabeça.

Num universo tão cheio de enigmas e combinações de pequenos itens, o jogador pode pensar que as cenas de ação cinematográficas, ambientadas em espaços gigantescos, ficaram de fora no novo Alone in the Dark. Mas isso não é verdade. Mergulhado em ingredientes da nova geração de jogos, Edward chega até a escalar prédios que desmoronam, como num teste de sobrevivência que só acontece nos filmes. Basta imaginar a cena de um detetive tentando escapar com vida dos enormes destroços que despencam, ainda por cima pendurado no parapeito do edifício. Muito lento? Então talvez entrar num carro e fazer curvas em alta velocidade para chegar ao próximo desafio seja a solução para os mais afobados. A idéia é que o título ofereça aventuras para todos os gostos.

Enquanto o personagem está bem, ótimo. Mas quando ele fica ruim, gravemente machucado, o jeito é encontrar um medicamento para fazer o sangue parar de escorrer ou desinfectar o local do ferimento. Com um pouco de estômago, encara-se numa boa o foco da câmera numa perna cortada, por exemplo. A pressão paranormal é constante, mas nem por isso um machucado deve ser deixado de lado. Se o detetive morrer, as interrogações de um Edward Carnby sem memória também vão para o inferno.

Após longos anos de vida da série, os fãs podem se sentir presenteados com um visual bem elaborado, com texturas bem detalhadas e formas tridimensionais bem definidas. Graças a um sistema de iluminação eficiente, o fogo, que é tão importante no game, parece realmente assustador tanto para quem joga como para as criaturas inimigas. Afinal, em Alone in the Dark ele é um mal necessário à sobrevivência.

Quem quiser mergulhar de vez na escuridão pode aumentar o volume de seu sistema de som para sentir o inferno rodear Edward. Os efeitos sonoros são encaixados com competência nas cenas de ação e as músicas dão o tom do envolvimento do progonista com a paranormalidade ao longo da história.

Para quem estiver disposto a ir até o fim pisando no chão do Central Park, basta ficar atento aos quebra-cabeças e eliminar as manifestações malignas sem dó. Por alguns segundos, o usuário vai até esquecer que Edward está com amnésia.

Requisitos de sistema e preço

O novo Alone in the Dark é distribuído no Brasil pela Tech Dealer (distribuidor oficial da Atari no País) e pede um PC com os seguintes requisitos mínimos: sistema operacional Windows XP, processador Pentium D ou Athlon X2, 1 GB de memória RAM e placa aceleradora de vídeo com pelos menos 256 MB. O leitor de DVD é obrigatório.

O preço sugerido de Alone in the Dark para PC é R$ 99.

Informações do Portal Terra.

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